SAÚDE

Bahia tem médicos insuficientes para atender população, aponta pesquisa mas discorda discorda

 


A Bahiatem 1.90 médicos para cada mil habitantes, número bem abaixo dos 3.73 recomendados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O dado foi levantado pela Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (Amies), com base no Censo 2022, Datasus do Ministério da Saúde (MS) e Ministério da Educação (MEC). Segundo o levantamento, as regiões Nortee Nordeste do país são as mais carentes de médicos.

O Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) discorda que há poucos médicos no estado. Segundo a entidade, o problema é a má distribuição dos profissionais pelos 417 municípios baianos. Até 31 de julho deste ano, havia 32.612 médicos ativos na Bahia, de acordo com informações do Cremeb.

“Os que existem já seriam suficientes, caso houvesse condições de trabalho para que eles se distribuíssem melhor pelo estado; e contratos que garantissem ao médico alguma segurança”, afirma Otávio Marambaia, presidente do Conselho.

Os dados da Amies podem ser filtrados por estado, município e região de saúde, entre outros indicadores. Levando em conta o fator município, a reportagem filtrou a quantidade de médicos em atuação em Salvador e na Região Metropolitana. O resultado revela a disparidade na distribuição apontada pelo presidente do Cremeb.

Enquanto a capital tem um índice de 4.02 profissionais a cada mil habitantes, cidades da RMS como Lauro de Freitas e Simões Filhos, bem próximas de Salvador, têm, respectivamente, índices de 2,76 e 1.88 profissionais. O fenômeno, no entanto, pode ser explicado pelo fato de que essas cidades demandam pacientes para a própria capital, inclusive por conta da proximidade geográfica.

“Basicamente, não existe déficit de profissionais médicos no estado, o que existe é uma má distribuição. E a má distribuição se deve às condições ruins de trabalho, principalmente nas cidades do interior, e às condições contratuais para dar segurança de trabalho e de condição de vida aos médicos”, enfatiza Marambaia.

Programas federais como o Mais Médicos e o Médicos pelo Brasil buscam minimizar a carência de profissionais nas regiões mais remotas do país, mas de acordo com a Amies, seria preciso criar mais cursos de medicina ou abrir mais vagas nos cursos existentes para atender a demanda da população por assistência.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), via assessoria de imprensa, para saber quais medidas o governo estadual vem tomando para melhorar a distribuição de médicos pelos municípios baianos e qual seria a principal dificuldade em estimular os profissionais a atenderem no interior. Mas, até a publicação desta reportagem, a pasta não havia retornado com as respostas às perguntas enviadas. A Associação Bahiana de Medicina (ABM) também foi procurada, mas igualmente não retornou aos pedidos.

Formação profissional

Maranhão, no Nordeste, e Pará, na região Norte, são os estados com os menores índices de médicos por mil habitantes, conforme os dados do levantamento da Amies: 1.13 e 1.22, respectivamente. No ranking nordestino, a Bahia ficaria atrás do Ceará, com 1.95, e à frente do próprio Maranhão e do Piauí, com 1.40. Nas duas regiões, são mais de 71 milhões de habitantes para 130 mil médicos.

Faculdades de medicina do país tentam junto ao Ministério da Educação (MEC) a abertura de novos cursos e de novas vagas nas graduações já existentes nessas regiões. Somente no Nordeste, são 52 pedidos de criação de novos cursos e 32 pedidos de ampliação das vagas, segundo o advogado Esmeraldo Malheiros, especialista em direito educacional e consultor jurídico da Amies.

“Em abril de 2018, o MEC publicou a Portaria nº 328/2018 suspendendo por cinco anos a criação de novos cursos de medicina e o aumento de vagas em cursos já existentes. Diversas instituições de ensino, fundadas no direito de petição e na livre iniciativa no campo do ensino, assegurada no art. 209, II da CF [Constituição Federal], pleitearam ao MEC autorização para a implantação de cursos de medicina, tendo em vista a demonstração da demanda e da necessidade social do curso na região, bem como a carência de profissionais médicos e a existência de equipamentos públicos de saúde e de infraestrutura preparada exclusivamente para a oferta do referido curso, tais como laboratórios, corpo docente e biblioteca”, afirma Malheiros.

O advogado explica que o limite para a abertura de novos cursos ou novas vagas em medicina são os leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), justamente porque é preciso ter um campo de prática e condições de manter o curso com infraestrutura para os estudantes. “A cada cinco leitos no SUS é gerada uma nova vaga de curso de medicina. Temos, atualmente, uma média de 42 a 43 mil vagas no Brasil. Mas, diante do número de leitos, haveria espaço de expansão para até 52 a 54 mil vagas”, acrescenta Esmeraldo Malheiros.

Os leitos no SUS servem para que o aluno possa praticar através de uma contrapartida das faculdades privadas com a prestação de serviços à comunidade. De acordo com a argumentação da Amies, além da ampliação do atendimento, a abertura de mais vagas e cursos também reduziria o custo da formação para os estudantes.

“O ticket médio de um curso de medicina varia de R$12 a R$16 mil por mês, com a abertura de novas vagas, esse ticket médio também cairia para um patamar de R$8 a R$9 mil”, complementa o consultor jurídico.

Para o presidente do Cremeb, as principais dificuldades do exercício da medicina no interior do estado seriam as condições físicas precárias. “E as condições de suporte para o trabalho médico, que envolve além da estrutura física, a estrutura de equipe de saúde, porque, obviamente, sozinho o médico não vai resolver o problema da saúde. Também, nessas dificuldades, o pagamento e o contrato justo, para que o médico vá e se desloque para as localidades onde tenha ainda um número rarefeito de profissionais”, pontua Otávio Marambaia.

Já sobre a formação de novos médicos, o presidente do Cremeb não acredita que ampliar os cursos ou vagas seja a solução e sim melhorar a qualidade dos que já existem. “A estrutura pedagógica é deficiente, muitas vezes com profissionais que não são médicos e que estão ocupando lugares de médicos professores. A formação de docentes médicos não é rápida a ponto de suprir a quantidade de faculdades que surgiram nos últimos anos”, analisa.

Atendimento regional

A Amies ressalta que o MEC aplica requisitos de relevância e necessidade social para a abertura de novas vagas ou novos cursos de medicina, mas que a pasta leva em consideração o pedido para a cidade que está pleiteando abrir a faculdade ou ampliar as vagas, em vez de levar em consideração as regiões de saúde.

“O Ministério da Saúde trabalha com base em regiões de saúde para estabelecer as políticas do SUS. Mas há algumas disparidades em que na capital do estado você pode ter um percentual compatível de vagas, mas nas cidades vizinhas, que fazem parte da mesma região de saúde, você pode ter uma quantidade de médicos insuficiente para atender a população, o que vai gerar uma sobrecarga nessas capitais ou cidades pólo”, argumenta Esmeraldo Malheiros.

Segundo o advogado, programas como o Mais Médicos utilizam os dados das regiões de saúde para estabelecer a distribuição dos profissionais no programa. Mas o MEC utiliza o indicador da cidade que vai sediar o curso em vez dos indicadores da região de saúde que irão gerar demanda para aquela cidade.

“Uma cidade pequena vai demandar mais daquela cidade que concentra os recursos, porque é onde vai ter equipamentos, hospitais, equipes, postos. Então é um retrocesso social determinar o número de vagas apenas pela quantidade de médicos que existem na cidade que vai sediar a faculdade. O ideal é que as vagas favoreçam a região toda”.

Malheiros ainda argumenta que o MEC está usando o indicador de número de leitos do SUS de fevereiro de 2024 para julgar os processos de pedido de novas vagas. “Mas esses processos estão sendo analisados agora e nós pleiteamos que eles sejam analisados com base nos leitos disponíveis na data da análise e não com um dado de fevereiro 2024, porque isso gera uma distorção”, adverte.

A reportagem questionou o MEC sobre quantos leitos do SUS existiam ativos no Brasil até julho deste ano, mas a pasta não retornou o pedido e nem comentou os dados apontados pela Amies. Em comunicado de abril deste ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou que, nos últimos 13 anos, cinco leitos do SUS foram fechados por dia no Brasil.

Ainda conforme o levantamento divulgado em abril pelo CFM, em 2010 o país dispunha de 335 mil leitos públicos para quem precisava de internação ao menos por 24 horas. Já em 2023, a quantidade baixou para 309 mil, uma redução de 8%. Além disso, um a cada três leitos de internação do SUS se encontram nas capitais. Para chegar aos dados, o CFM utilizou o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), mantido pelo Ministério da Saúde.

Dois mil profissionais do Mais Médicos escolheram o Nordeste em edital

O novo edital do Mais Médicos abriu 3.100 vagas para todo o país e, segundo informações do Ministério da Saúde (MS), 246 delas eram destinadas ao estado da Bahia. Dos mais de 10 mil inscritos para o 39º ciclo do programa federal, ao menos dois mil profissionais optaram em atuar na região Nordeste.

Além disso, esse edital contemplou o atendimento de saúde para a população indígena com 40 vagas, das quais cinco foram para a Bahia. Ainda segundo o MS, o resultado preliminar da seleção já pode ser consultado no site do Mais Médicos (maismedicos.gov.br) e a fase para a interposição de recursos já está aberta. O resultado final da seleção será divulgado no próximo dia 12.

O aumento do quadro de profissionais na rede pública de saúde com o novo edital vai beneficiar mais de 10,6 milhões de brasileiros, estima o Ministério da Saúde. O 39º ciclo do programa disponibilizou, ao todo, 196 vagas em 32 Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (Dseis). E contou também com um sistema de cotas para médicos indígenas, negros, quilombolas e PCDs (pessoas com deficiência).

O Mais Médicos é um conjunto de ações do governo federal, juntamente com estados e municípios, para fortalecer a Atenção Primária à Saúde e é considerada a porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de levar médicos para as regiões do país onde há mais escassez ou ausência de profissionais, o programa prevê a reorganização da oferta de novas vagas de graduação e residência médica.

No ano passado, o programa expandiu a participação de médicos. Além das equipes de Saúde da Família (atenção primária), passou a integrar profissionais também no atendimento à população privada de liberdade e pessoas em situação de rua, com as equipes de Consultório na Rua.

Ainda conforme dados do MS, o número de profissionais em atuação a partir de programas federais, no país, até maio deste ano, era de 25.337, sendo 20.890 (82,4%) do Mais Médicos e 4.447 (17,6%) do Médicos pelo Brasil. O potencial é esse contingente chegar aos 28 mil médicos com o novo edital. A Tarde


Veja: Bahia já enfrenta surto da Febre do Oropouche transmitida pelo Culicoides paraensis; Santo Antônio de Jesus; outros municípios da região estão na lista

 


A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) detectou já detectou vários casos de Febre do Oropouche, um evento atípico, visto que a doença não é considerada endêmica na região. A Febre do Oropouche é uma doença viral transmitida no ambiente urbano pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça e dores musculares, semelhantes aos de outras arboviroses, o que ressalta a importância de um diagnóstico preciso.

Não existe tratamento específico para a Febre do Oropouche, sendo o manejo clínico focado no alívio dos sintomas. A Secretaria reforça a importância do diagnóstico laboratorial para um acompanhamento efetivo dos casos e destaca ações de vigilância epidemiológica para monitoramento da situação. A população é incentivada a continuar com as medidas preventivas contra picadas de mosquitos, como o uso de repelentes e roupas que minimizem a exposição da pele, além de procurar orientação médica se necessário.(Infosaj)

Confira cidades com casos confirmados da doença

  1. Gandu (81);
  2. Teolândia (46);
  3. Amargosa (66);
  4. Taperoá (35);
  5. Laje (30);
  6. Igrapiúna (25);
  7. Ituberá (28);
  8. Mutuípe (23);
  9. Valença (14);
  10. Santo Antônio de Jesus (12);
  11. Salvador (5);
  12. Presidente Tancredo Neves (13);
  13. Jaguaripe (8);
  14. Camamu (21);
  15. Elísio Medrado (13);
  16. Itabuna (6);
  17. Muniz Ferreira (5);
  18. Piraí do Norte (3);
  19. Wenceslau Guimarães (3);
  20. Ibirapitanga (4);
  21. Jequiriçá (2);
  22. São Miguel das Matas (3);
  23. Nilo Peçanha (2);
  24. Maragogipe (1);
  25. Camaçari (3);
  26. Cairu (1);
  27. Camacan (1);
  28. Uruçuca (1);
  29. Ubaíra (1);
  30. Itacaré (1);
  31. Itamari (3);
  32. Itagibá (1);
  33. Jacobina (1);
  34. Itamaraju (2).

Brasil lidera ranking mundial de casos e mortes por dengue em 2024, diz dados da Organização Mundial da Saúde; veja

 



Créditos: Fernando Frazão / Agência Brasil

 O Brasil tem o maior número de casos de dengue no mundo em 2024 e também o líder en número de mortes. Num informe publicado na quinta-feira (30) e divulgado pelo colunista Jamil Chade, do portal UOL, a Organização Mundial da Saúde indicou que o registro aponta que o continente americano já superou a marca de 2023 em casos da doença. Na avaliação da entidade, a dengue é classificada como uma “ameaça global”.

“Foram estabelecidos mecanismos de resposta a emergências e a OMS apoia os países de alto risco nas regiões afetadas. Dada a escala atual dos surtos de dengue, o risco potencial de maior disseminação internacional e a complexidade dos fatores que afetam a transmissão, o risco geral ao nível global ainda é avaliado como alto e, portanto, a dengue continua sendo uma ameaça global à saúde pública”, disse.

No mundo, a OMS aponta que:

Entre 1 de janeiro e final de abril de 2024, cerca de 7,6 milhões de casos de dengue foram registrados no mundo.
3,4 milhões deles foram confirmados por laboratório
3,6 mil mortes no mundo por conta da doença
No Brasil, a OMS indica que existem 6,2 milhões de casos suspeito de dengue.

O levantamento também registra:

3 milhões de casos confirmados em laboratório no Brasil
4 mil casos severos no país
2,8 mil mortes Bahia.Ba

Alerta na saúde: em menos de 3 meses, Brasil supera total de casos de dengue de 2023, diz MS

 



O Brasil passou de 1,6 milhão de casos (prováveis e confirmados) de dengue em 2024. Segundo dados do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde atualizados nesta sexta-feira (16), o país registrou 1.684.781 casos nas primeiras dez semanas deste ano, superando a taxa total de 2023, 1.658.816.

Este é o segundo maior número desde o início da série histórica, em 2000. O recorde de casos prováveis ocorreu em 2015, com 1.688.688. No mesmo período do ano passado, em menos de 3 meses, o Brasil tinha 326.342 casos. Além disso, até o momento, 513 mortes foram confirmadas desde janeiro e 903 seguem em investigação. Em 2023, foram 202 óbitos entre as semanas 01 e 10.

Com estações do ano mal definidas e períodos chuvosos intercalados com altas temperaturas, as condições climáticas propiciam um ambiente favorável para a proliferação do mosquito vetor e a replicação do vírus. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicado recentemente no portal Scientific Reports da Nature inclusive corrobora essa tese.

Nele, pesquisadores explicam que aumento na ocorrência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor e secas cada vez mais comuns no nosso país, associado à urbanização incompleta e à degradação ambiental, está contribuindo para a expansão da dengue para o interior do Brasil. Fora isso, a influência das mudanças climáticas é evidenciada pela propagação da doença para regiões anteriormente menos afetadas, como as regiões Sul e Centro-Oeste. G1


Infarto mata oito vezes mais mulheres do que câncer de mama, diz dados do Ministério da Saúde



 As enfermidades cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, totalizando mais de 1.100 mortes diárias, o equivalente a 46 por hora. Engana-se quem pensa que a doença é “coisa de homem”, já que 30% das brasileiras morrem por cardiopatias e este percentual tem aumentado nas últimas décadas. No contexto específico das mulheres, os infartos superam em oito vezes as fatalidades decorrentes do câncer de mama, revelando um cenário preocupante. Dados do Ministério da Saúde indicam que uma em cada cinco mulheres enfrenta risco de sofrer um infarto. Apesar da mortalidade feminina após um infarto agudo do miocárdio ser maior em comparação aos homens e delas apresentarem mais fatores de risco associados, um estudo conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz revelou que o infarto em mulheres é subdiagnosticado no país.

Este subdiagnóstico acontece porque, quando uma mulher chega a uma unidade de saúde com sintomas de infarto, o socorro costuma ser mais lento e o protocolo usado para identificar o infarto nos homens nem sempre é aplicado nelas. Além disso, as mulheres têm menos acesso ao cateterismo em comparação aos homens. Enquanto ambos os sexos podem experimentar dor no peito, as mulheres também podem apresentar sintomas menos típicos, como desconforto nas costas, mandíbula, pescoço e ombros, além de náusea, falta de ar, fadiga e sudorese. Essa variedade nos sintomas femininos pode tornar o diagnóstico mais desafiador.

De acordo com o cardiologista intervencionista Sérgio Câmara, aproveitar o mês da mulher para trazer este alerta é importante porque, mesmo que as mulheres tenham menos infartos, seus quadros tendem a ser mais graves, requerendo atenção prioritária. “A atenção médica rápida diante de qualquer sinal de desconforto cardíaco é fundamental. Além disso, o exame de cateterismo cardíaco é essencial para o diagnóstico devido à sua capacidade de fornecer informações detalhadas sobre as artérias coronárias e o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco”, completou.

Ainda segundo o especialista em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, o climatério torna as mulheres mais suscetíveis ao infarto. “Com a chegada da menopausa, observa-se uma queda na produção de estrogênio, hormônio essencial na dilatação das artérias. A diminuição desse hormônio aumenta os riscos de entupimento, podendo desencadear um ataque cardíaco”, explicou. Além disso, o acúmulo de responsabilidades relacionadas à vida profissional, cuidados com a casa e filhos intensifica os níveis de estresse feminino, um fator de risco adicional para o infarto, já que o estresse eleva a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Segundo os dados do trabalho desenvolvido no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a mortalidade feminina após um infarto agudo do miocárdio é maior em comparação aos homens. A pesquisa, premiada no Congresso da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista, destacou que, após um ano do evento, 11,1% das mulheres não sobrevivem, enquanto nos homens esse índice é de 8,93%. O estudo ainda mostrou que, ao chegarem ao pronto atendimento com sintomas de infarto, as mulheres são subestimadas e têm menos acesso ao cateterismo em comparação aos homens.

Ainda segundo Sérgio Câmara, as mulheres enfrentam mais fatores de risco associados, como hipertensão, diabetes, sobrepeso e dislipidemia. Isso, combinado com a subestimação de seus sintomas, aumenta a probabilidade de não sobreviverem a episódios cardiovasculares. Por isso, “é importante que as equipes de saúde priorizem uma abordagem mais intensiva e humanizada no atendimento, que valorize as queixas das mulheres”, completou. A boa notícia é que, apesar dos desafios, 85% dos riscos de doenças cardiovasculares podem ser evitados com hábitos saudáveis. Além de acompanhamento médico regular, as mulheres devem controlar a pressão arterial e o diabetes, adotar uma dieta balanceada, praticar atividades físicas, parar de fumar e reduzir o consumo de álcool, minimizando assim os riscos de infarto e outras complicações cardiovasculares.

O infarto, ou ataque cardíaco, ocorre quando o fluxo sanguíneo para uma parte do músculo cardíaco é bloqueado, frequentemente devido à formação de um coágulo. Esta obstrução resulta em danos ao tecido cardíaco devido à falta de oxigênio. O cateterismo cardíaco desempenha um papel fundamental no diagnóstico, pois permite que médicos visualizem as artérias coronárias, identifiquem bloqueios e avaliem a extensão dos danos. Durante o procedimento, um cateter é inserido nas artérias coronárias, permitindo a injeção de contraste para uma visualização direta, facilitando diagnósticos precisos e a determinação de estratégias de intervenção.

(Infosaj)

Aprovado a criação de dia nacional em memória das vítimas da Covid-19; o texto escolhe dia de 12 de março como data

 


A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (10) um projeto que define o dia 12 de março como data nacional em memória às vítimas da Covid-19 no Brasil. O texto segue para análise no Senado. A data aprovada pelos deputados foi escolhida em homenagem à primeira vítima da Covid no país, Rosana Aparecida Urbano. Segundo o Ministério da Saúde, ela faleceu aos 57 anos, um dia após ser internada no Hospital Municipal Doutor Carmino Cariccio, na Zona Leste de São Paulo.

Em abril, o Brasil ultrapassou a marca de 700 mil óbitos pela doença. Os dados são do Ministério da Saúde. Na última semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que a Covid-19 não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), o mais alto título de alerta da organização, declarado para o surto do novo coronavírus no final de janeiro de 2020.

A decisão, no entanto, não altera o título de pandemia, porque a doença ainda se mantém em disseminação global. Segundo o autor da proposta, deputado Pedro Uczai (PT-SC), o projeto foi apresentado com contribuição da Associação Vida e Justiça em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid-19. “[A homenagem] pretende oferecer mais uma possibilidade de disputar a memória, o sentido e o futuro”, disse.

“A pandemia em curso se transformou numa inominável tragédia atravessada pela morte, pelo desamparo e pelo luto, um fenômeno social que impacta de forma direta e indelével a vida de milhões de brasileiros e brasileiras. […] Memória, em certo sentido, é uma repetição. Mas repetir é o imperativo para a elaboração”, declarou.

Projeto no Senado

Proposta semelhante, com a instituição da mesma data como homenagem, foi aprovada pelo Senado em 2021. O texto, no entanto, não avançou na Câmara e segue travado. Com a aprovação do projeto de autoria dos deputados, o Senado deve mais uma vez discutir o tema. G1

Nova variante Arcturus da covid-19 já circula no Brasil; conheça os sintomas

 

De acordo com o Ministério da Saúde, um caso da variante XBB.1 16 foi registrado no Estado de São Paulo



Sequenciada pela primeira vez na Índia em janeiro deste ano, e hoje presente em quase 40 países, a nova variante da covid-19 Arcturus, também chamada de XBB.1.16, já circula no Brasil. A cepa recém-descoberta foi detectada no Estado de São Paulo, segundo informações do Ministério da Saúde. A linhagem vem sendo tratada desde meados de abril como uma variante de interesse (VOI, na sigla em inglês), pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em função da sua rápida disseminação nas últimas semanas.



Embora provoque sintomas diferentes em comparação com cepas passadas, como conjuntivite e quadros de febre alta, a nova linhagem não apresentou, até o momento, potencial para causar novas ondas de mortes e hospitalizações, ou então gerar riscos mais graves à saúde dos infectados, segundo especialistas. E as atuais vacinas disponíveis, de acordo com um epidemiologista ouvido pelo Estadão, dão conta de garantir a proteção contra a variante recém-descoberta.

A Arcturus é uma linhagem que descende da BA.2 – que por sua vez derivou da Ômicron – e por causa da sua rápida disseminação em alguns países no mundo, como Índia e Estados Unidos, a Organização Mundial da Saúde mudou, no último dia 17, o tipo de classificação de “variante de monitoramento” para “variante de interesse”. A linhagem já foi sequenciada em ao menos 37 países, incluindo Austrália, Canadá e Reino Unido.

De acordo com o Ministério da Saúde, um caso da variante XBB.1 16 foi registrado no Estado de São Paulo. A pasta afirma que as evidências sobre essa linhagem “não indicam riscos à saúde pública se comparada a XBB.1.5” – que é a principal cepa em circulação no País – e nem de aumento na gravidade dos casos.

Aumento da circulação

Globalmente, houve um aumento semanal na prevalência da Arcturus no mundo, segundo dados apresentados pela OMS. Entre o final de fevereiro e início de março deste ano, a prevalência da XBB.1.16 era de 0,52%. Atualmente, o índice subiu para 4,31%. A linhagem mais comum atualmente é a XBB.1.5, também conhecida como Kraken, com 45%.

De acordo com a OMS, a avaliação de risco global para Arcturus (XBB.1.16) é baixa em comparação com a Kraken (XBB.1.5), mas a possibilidade de a primeira se tornar mais predominante que a segunda não está descartada.

O último relatório técnico da OMS publicado nesta semana informa que nenhuma mudança na gravidade da saúde de pacientes contaminados foi relatada em países onde a XBB.1.16 está circulando. Somente na Índia e na Indonésia, foi presenciado um ligeiro aumento na ocupação de leitos, mas os níveis de internações ainda estão bem abaixo do que foi presenciado em ondas de variantes anteriores, segundo a organização.

Porém, embora os riscos da Arcturus sejam baixos, a variante foi lembrada pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em discurso de abertura feito em entrevista coletiva no último dia 26.

“Como ilustra o surgimento da nova variante XBB.1.16, o vírus ainda está mudando e ainda é capaz de causar novas ondas de doenças e mortes”, disse. Adhanom ainda afirmou ter esperanças de declarar o fim do covid-19 como uma emergência de saúde pública ainda este ano.

Vacinas atuais protegem, diz especialista

Para o epidemiologista Jesem Orellana, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), embora não se possa afirmar que a nova variante provoque “um desastre sanitário, tal como foi a Gama (P.1), na América do Sul”, a Arcturus coloca em xeque o plano de declarar o fim da pandemia.

“A XBB.1.16 é mais uma VOI. Longe de ser irrelevante, mostra como o SARS-COV-2 não deixa de mudar sua estrutura genética para versões que lhe permitem maior longevidade”, disse o especialista.

De acordo com Orellana, os sintomas provocados pela nova variante são, predominantemente:

– Conjuntivite

– Tosse seca

– Episódios febris

Alguns desses sintomas foram vistos com menos frequência em cepas que predominaram no passado. Isso prova, segundo o especialista, que “o vírus não muda apenas em termos de estrutura genética, mas em relação à própria sintomatologia”.

Mesmo assim, o epidemiologista tem um discurso tranquilizador. Ele diz que as atuais vacinas distribuídas no Brasil são capazes de proteger a população da nova nova variante. “Não há grande razão para pensarmos que vacinas como a bivalente deixarão de ser altamente efetivas para casos graves e morte por covid-19. Por enquanto, todas as vacinas seguem funcionando bem”, diz.

Apesar de não ter nenhum estudo específico que ateste que a nova variante seja mais letal, a Arcturus, segundo ele, “mostra que o vírus seguirá infectando muitas pessoas e matando outras, especialmente não vacinados, incompletamente vacinados e grupos de maior risco, como idosos e imunossuprimidos, por exemplo”. (Correio)


Postar um comentário